“O livro é um objeto mágico”
Para a escritora infantil Tatiana Belinky, cabe tudo nas
histórias para crianças pequenas: castelos, florestas, cidades inteiras... A
história de vida desta "bruxinha boa das histórias", como é
carinhosamente reconhecida, é tão
emocionante quanto os livros que ela escreve para as crianças.
Tatiana Belinky nasceu em 18 de março de 1919 em Petrogrado,
atual São Petersburgo, Rússia, mudando-se para Riga aos dois anos de idade. Seu
pai, Aron, era comerciante e a mãe, Rosa, cirurgiã-dentista. A menina Tatiana
aprendeu a ler no idioma materno, o russo, aos quatro anos de idade e até os
dez já era fluente também em alemão.
Devido à perseguição aos judeus na Rússia Soviética, a
família Belinky, que era judia, resolveu se mudar para o Brasil, chegando a São
Paulo em 1929.
Na adolescência, em São Paulo , Tatiana trabalhou como secretária
bilíngue. Em 1939, começou a estudar Filosofia na Faculdade São Bento, mas
abandonou o curso em 1940 em razão de seu casamento com o médico Júlio de
Gouveia.
De 1948 a
1951, criou com o marido várias adaptações de histórias infantis para teatro.
Nessas encenações, Tatiana fazia o roteiro e o marido, a direção. As peças eram
encenadas em teatros da Prefeitura de São Paulo, com recursos da prefeitura. Em
1952, o casal encenou sua bem-sucedida adaptação “Os três ursos” na extinta TV
Tupi. Com o sucesso da encenação na televisão, a Tupi convidou o casal a elaborar
o programa “Fábulas Animadas”, preenchendo uma lacuna da programação da época
para o público infanto-juvenil. Em seguida, o casal fez a primeira adaptação
televisiva do “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, de Monteiro Lobato, exibida em
horário nobre. Seguiram-se outros programas de sucesso, sempre na linha de
adaptações para o público infanto-juvenil, que estiveram no ar por um total de
13 anos, até 1966. Esses programas tinham sempre o propósito explícito de
estimular a leitura entre os jovens, criando nestes a curiosidade de ler os
originais das adaptações.
Paralelamente à atividade como roteirista de teatro e
televisão, Tatiana Belinky deu início, em 1952, à atividade como tradutora
literária, iniciada com suas adaptações de peças de teatro infantis e contos
russos. Traduziu mais de 80 livros do russo, alemão, inglês e francês. Entre os
textos que traduziu e adaptou estão obras de autores como Dostoiévski, Tolstói,
Gorki, Gogol, Turgueniev, Goethe, Brecht, Irmãos Grimm e Lewis Carroll. Sua
especialidade sempre foi a literatura infantil russa, ajudando a divulgar a
cultura russa entre crianças e adolescentes.
Também atuou, a partir de 1972, como crítica de literatura
infanto-juvenil e de teatro, como colaboradora dos jornais Folha de São Paulo,
O Estado de São Paulo e Jornal da Tarde e da TV Cultura.
Em 1985, começou sua atividade como autora de livros
infantis, publicando sua primeira obra em 1987 com o título Limeriques
(poesias). Desde então, não parou de produzir poesia, prosa, ficção e livros
didáticos. Grande parte dessa prolífica produção de cerca de 100 livros tem o
público infanto-juvenil como alvo. Recentemente, tem publicado livros de
crônicas e memórias.
Tatiana Belinky é autora premiada em literatura e teatro.
Recebeu o Prêmio Mérito Educacional em 1979, e o Prêmio Jabuti de Personalidade
Literária do Ano em 1989, entre outras premiações.
Na área de tradução, recebeu o Prêmio Monteiro Lobato de
Tradução em 1988 e 1990. Em 1994, deixou de atuar como tradutora, mas não
abandonou, entretanto, sua atuação como escritora.
"Na minha casa, todo mundo lia. Eu comecei aos 4 anos e
o mundo se abriu para mim. Aprender a ler é uma grande aventura. Abre os olhos,
os ouvidos, a cabeça. Cria interesses, desperta a curiosidade. A leitura dá uma
chance às melhores emoções. Trata-se de uma doença infecciosa - uma vez exposta
a essa contaminação, a maioria vai gostar. O livro é o melhor amigo de uma
pessoa. Um brinquedo diferente, que nunca acaba. Um objeto mágico, maior por
dentro do que por fora. Cabe um dinossauro, um castelo, um trem. E só abre
quando der vontade."
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